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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Hoje escreve... Agostinho Silva

O Guarda Redes

Durante alguns anos da minha juventude, “vesti” o equipamento de guarda-redes em equipas federadas, em torneios locais, torneios inter-bombeiros, torneios militares, torneios entre árbitros etc.
Tudo começou num treino de captação do S.C. Paivense para atletas juniores. Compareceram bastantes jovens, tendo sido formadas duas equipas e, eu, como ainda era juvenil e a posição em que eu pretendia jogar, médio direito, já estava preenchida por atletas juniores, fiquei logo excluído das escolhas principais.
Na formação de uma das equipas faltava um guarda-redes. Foi questionado aos atletas que ficaram de fora, tal como eu, se havia alguém interessado em ir para a baliza. Como a minha vontade de jogar à bola era imensa, ofereci-me logo para ocupar o lugar de guarda-redes. Não sei se por sorte ou por azar, fiquei na equipa que atacava menos e tinha a defesa mais fraca. Segundo a crítica na altura, “engatei”, como se diz na gíria futebolística, uma grande exibição, razão pela qual, no final encontro me perguntaram, se eu era guarda-redes e se estava interessado em ocupar aquele lugar. Respondi que guarda-redes não era, mas não hesitei em dizer que não me importava de ocupar aquele lugar. Passados três jogos do início
do campeonato, consegui alcançar a titularidade na equipa.
Portanto, pela experiência vivida como guarda-redes, nada mais justo do que prestar uma homenagem ao jogador que na maioria das vezes (a não ser que seja o guarda-redes da equipa pela qual os adeptos torcem), impede o grito de golo das claques e é capaz tanto das
defesas mais improváveis, como dos frangos mais humilhantes. O guarda-redes, numa partida de futebol, pode ser o herói ou o jogador mais odiado, dependendo da sua atuação. Há guarda-redes que pelos seus feitos bons ou maus, jamais abandonam as nossas memórias. Quem não se lembra do guarda-redes Ricardo, da seleção nacional, no jogo de desempate dos quartos-de-final do Euro 2004, realizado em Portugal com a Inglaterra, em que defendeu um pontapé de grande penalidade sem luvas, tendo, posteriormente, sido o marcador da última grande penalidade que qualificou a seleção portuguesa para as meias-finais da referida prova? Voltou também a ser inesquecível no Mundial de 2006 na Alemanha,
noutro jogo de desempate com a Inglaterra, em que defendeu três penaltis colocando a nossa
Seleção Nacional entre as quatro melhores equipas do Mundo.
É óbvio que nem tudo foram rosas na carreira deste guarda-redes, pois muitos adeptos não esquecem alguns “frangos monumentais” que ele sofreu em alguns jogos. O guarda redes Manuel Neuer jamais será esquecido pelos os adeptos do Bayern de Munique por, recentemente, na meia-final da Liga dos Campeões Europeus, no desempate por penaltis com o Real de Madrid, ter defendido duas grandes penalidades de dois ex-melhores jogadores do mundo (Cristiano Ronaldo e Kaká), colocando a sua equipa na final e deixando
de joelhos no relvado, o ex-melhor treinador do mundo José Mourinho.
Com tantos dias comemorativos que existem, por exemplo o dia do não fumador, o dia mundial da dança, o dia europeu sem carro, o dia internacional da ciência e da paz, porque não criar o dia Mundial do Guarda-Redes?

Agostinho Silva

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